AS MÁSCARAS DA GENIALIDADE Resumo O mundo da música é fascinante. Há de tudo. Músicos que preferem revelar a sua identidade e aquele...

O BOM, O BELO E O BIZARRO

AS MÁSCARAS DA GENIALIDADE



Resumo
O mundo da música é fascinante. Há de tudo. Músicos que preferem revelar a sua identidade e aqueles que se escondem por trás de máscaras, maquilhagem ou coisas do género. Aqui abordamos 4 bandas que preferem esconder os seus rostos adoptando disfarces nas suas performances e algumas delas por décadas a fio (caso dos The Residents).

Palavras chave: Máscaras. Anonimato.

Introdução
O anonimato de músicos é sempre algo intrigante e por vezes, fascinante, dando origem a várias teorias, extrapolações e até mitos urbanos. Máscaras, disfarces, maquilhagem exagerada ou o uso de próteses sempre foram uma mais valia para as performances de certos músicos. 

1 - The Residents
No caso dos THE RESIDENTS que iniciaram a sua carreira musical nos anos 70 muito foi escrito, dissecado e teorizado em relação às suas verdadeiras identidades, dizendo-se até que Les Claypool (Primus) faria parte do quarteto fantástico que ficou conhecido pelo uso de grandes olhos gigantes raiados de sangue em cima da cabeça, cartola e o imprescindível smoking. A verdade é que ao longo da sua carreira, editaram mais de 40 álbuns, excluindo compilações, projectos de multimédia e afins. Os seus videoclips mais antigos estão em exibição no museu de arte moderna em Nova Iorque e foram reeditados em 2001 no magnifico DVD- ICKY FLIX.


A música baseia-se bastante no uso de sintetizadores, vocalizações algo bizarras mas que não deixam de ser melódicas e líricas surreais mas poéticas, como é o caso no tema Harry The head: He rolled around and found a little paintbrush by the door as he held it in his teeth he painted angels on the skirt I wore.
Em 2015 foi realizado um documentário sobre esta banda enigmática chamado The theory of obscurity que se foca essencialmente no imaginário pictórico da banda e as suas performances ao vivo, aparecendo sempre disfarçados e nem sempre com os icónicos globos oculares. A especulação continuará sobre quem são realmente os integrantes do quarteto mas o universo que conseguiram criar assim como a sua editora Ralph Records já estão inscritos na complexa e vasta galáxia da música.

2 - Metal e orcs
A BAND OF ORCS é uma banda norte-americana cujos integrantes se vestem e agem como…orcs. O seu estilo musical não chega a ser death-metal mas é um pouco mais brutal que o heavy-metal comum, sendo que a banda classifica o seu som como “Brutal orc metal”. Tanto nas performances como nas entrevistas, os membros das bandas não saem de personagem e cada um mantém a sua distinta personalidade de orc, tendo até nomes consideravelmente “orcianos”.
A quantidade de caracterização, make up e uso de acessórios é impressionante e primam por nunca sair do universo de fantasia que conseguiram e quiseram criar.



3 - Atmosfera doom e Lynchiana
THE VON DEER SKULLS é uma banda com integrantes de países como França, Canadá e Alemanha. Na sua página citam como influências David Lynch, Tim Burton e outros tantos. Usam máscaras nas suas performances e ensaios, sendo que o visual único da banda é trabalhado pelo artista Peter Skull.
Classificam a sua música como post-doom e tanto nos temas como nos vídeos é-nos transmitida uma atmosfera críptica, soturna e reminiscente do lado shadow self que é dito fazer parte de cada ser humano.
Especialmente indicado para ouvir durante a noite e preferencialmente com headphones, The Von deer skulls é mais uma banda que constrói as suas identidades através da música, criando alter-egos e/ou personagens que enriquecem o imaginário da banda.


4 - Balaclavas, mariachis e percussão
ITCHY-O é uma banda norte-americana de percussão e nos concertos apresentam-se com balaclavas negras e por vezes, vestidos de mariachis. Este estilo de música fortemente baseado em percussão tem estado em voga actualmente mas Itchy-o eleva-a um outro patamar, usando vários efeitos sonoros e riffs catchy.

5 – Conclusão
Há bastantes mais bandas e artistas que optaram por ocultar a face ou alterá-la de certa forma, como é o caso de Mortiis que usa orelhas e uma máscara prostética, construindo dessa forma a sua imagem de marca. Há também bandas que optam por fazer concertos mascarados, o que de certa forma aumenta o seu impacto performativo, tudo isso são opções que podem ajudar a criar uma atmosfera de enigma e deslumbramento que pode atrair ou repelir, consoante a vontade dos artistas.
Em relação aos The Residents, a sua imagem de marca tornou-se tão carismática e possuída de uma personalidade tão impar e forte que poucos são os que ainda se indagam sobre quem estará por trás dos gigantescos globos oculares. Talvez até já se saiba mas é uma das coisas que fica melhor ser mistério, como o sentimento de olhar para um presente de natal quando se é criança e não se sabe o que lá está dentro.


TEXTO: CLÁUDIA ZAFRE