O ano de 2017 marcou, após mais de vinte anos de silêncio discográfico, o regresso dos Slowdive com o belíssimo disco homónimo. A...

“Sugar for the pill”, ou o dourar da pílula em 90 minutos



O ano de 2017 marcou, após mais de vinte anos de silêncio discográfico, o regresso dos Slowdive com o belíssimo disco homónimo. Ao contrário das tendências recentes de bandas, inactivas durante muitos anos, que se reúnem em palco para tocar marcantes memórias musicais de tempos passados mas sem trazerem material novo, os Slowdive assinalam o seu regresso com criatividade e competência. Foi essa competência e qualidade musicais, com mescla de algum material antigo e muito do novo, que a banda demonstrou em palco no concerto de 8 de Março no “Lisboa Ao Vivo”. Com uma sala cheia e durante cerca de hora e meia, fomos envolvidos pela distorção psicadélica que os Slowdive dominam como poucos e que as projecções vídeo ajudaram a consolidar. Apesar de, por vezes, a voz de Rachel Goswell estar demasiado baixa, o som fez justiça à qualidade musical e instrumental da banda. Claro que este não é um concerto para quem gosta de “mosh” ou “crowd surfing”, a energia aqui vem da pílula elétrica das guitarras que os Slowdive douram como ninguém. A julgar pela reacção e satisfação dos ouvintes, que bem sabe engoli-la assim tão adocicada. Quem diria que da serenidade que os músicos demonstram na sua presença em palco, pudesse ser debitada tamanha energia instrumental. Pelo que nos foi dado ouvir, seria uma pena que um novo e longo hiato silencioso se abatesse sobre a banda. Para amantes da música entre o ambiental e o psicadelismo planante, este foi e é o concerto indicado e ideal. A continuarem assim, é de repetir a presença sem hesitações.



Uma última nota para a falta de rigor na bilhética. O bilhete comprado, com muitas semanas de antecedência, indicava as 22h como a hora de início do concerto. Para os menos habituados a estas coisas e que foram levados pela indicação no bilhete, isso deve-se ter revelado desastroso. Para além de terem perdido a primeira parte com os Dead Sea (uma banda interessante), perderam cerca de um terço do concerto dos cabeças de cartaz. Na porta de entrada da sala uma folha A4 indicava Dead Sea às 20h e Slowdive às 21h (começaram às 21h30m), muito diferente das 22h indicadas no bilhete. O comboio tinha já partido muito antes do horário previsto. Situação a rever. 

TEXTO, IMAGEM e VÍDEOS: JOSÉ MARQUES 
LOCAL: LAV
DATA: 8 de Março, 2018