“A humanidade é um pouco tarada, a verdade é essa. Alguns é que são melhores a esconder as suas taras” – não sei ao certo quem ale...

Numa relação séria com a Netflix: The Alienist (2018)



“A humanidade é um pouco tarada, a verdade é essa. Alguns é que são melhores a esconder as suas taras” – não sei ao certo quem alegou isto, ou talvez saiba, mas não terei sido eu, certamente. 


Freud referiu a certa altura da sua vida que “o amor era a psicose do homem comum”, pode muito bem ser. A falta dele pode gerar o que agora chamamos de personalidades desviantes, mas, em séculos passados, eram apelidados de pessoas alienadas ou simplesmente, por leigos como “monstros”. 

The Alienist é passada numa Nova Iorque, bastante diferente da que conhecemos nos nossos dias, uma do século XIX, suja, perigosa, decadente e extremamente pobre. O cuidado que houve a recriar a cidade nos seus tempos mais negros é “de se lhe tirar o chapéu”, sentimo-nos mesmo nesse período da história a deambular pelos becos escuros e ruas pouco iluminadas. A narrativa centra-se em Dr. Kriezler (muito bem interpretado por Daniel Brühl), um “alienista”, o que se poderia chamar de psiquiatra nos dias de hoje que aliado a uma equipa de dois patologias forenses, um ilustrador e a primeira mulher admitida no corpo policial de Nova Iorque, decidem investigar uma série de homicídios de crianças que aterroriza ainda mais a cidade. 


O drama está extremamente bem construído, tal como a evolução das personagens e cada episódio acaba em “gancho”, o que garante uma tendência para ver a primeira temporada quase toda de uma assentada. Há cenas um pouco gráficas, mas nada que seja excessivo e há até um “piscar de olho” a um dos mais terríveis e temíveis homicida de crianças, Albert Fish. Sendo que num dos episódios, é impossível não traçar paralelos entre pedaços de uma carta que parece ter sido inspirada nos escritos de Albert Fish (para referência pode consultar-se Deranged: The shocking true story of America’s most fiendish killer de Harold Schechter). 


A série foi inspirada na série de livros de Caleb Carr, cuja principal personagem é o já mencionado Dr.Kriezler, que parece uma fusão entre o meticulo e elegante Hercule Poirot e o excêntrico, mas genial Sherlock Holmes.


Uma série que cativa pelos cenários maravilhosos, uma boa cinematografia, interpretações mais do que convincentes e uma narrativa que nos deixa curiosos até ao seu desfecho. Aguardamos ansiosamente para que haja uma segunda temporada. 

Texto: CLÁUDIA ZAFRE
Série: The Alienist
Imagens: Frames da série