Género:  noise, drone, art-rock, avant-garde, Kraut Álbum:  The Stone we Had in Our Mouth Data de lançamento:  17 de Fevereiro, 2...

Manolis Aggelakis: The Stone we Had in Our Mouth

Género: noise, drone, art-rock, avant-garde, Kraut
Álbum: The Stone we Had in Our Mouth
Data de lançamento: 17 de Fevereiro, 2020
Distribuição: samedifferencerecords
https://orcd.co/thestone
© N. Carellos, 2011

Manolis Aggelakis põe a descoberto a bela surpresa que tinha vindo a preparar e dá a conhecer um submundo emergido em sons menos conservadores: The Stone we had in our Mouth, uma proposta para quem quer sair das paredes da normalidade e trespassar outras de pedra para entrar no reduto da abstracção. Qualquer filme do género Only Lovers Left Alive, de Jim Jarmusch, desejaria ter The Stone we Had in Our Mouth para banda-sonora, caberia que nem uma luva. 

O quarto álbum do músico e produtor grego Manolis interpreta um submundo negro, assustador, sinistro e explosivo, onde se faz uma viagem cósmica através de ruídos distorcidos, ritmos caóticos e violentos. Lançado em vinil, o disco cruza ambientes electrónicos com orgânicos e a guitarra distorcida é, sem dúvida, o elemento que o enriquece. O bluesman com cunho experimental Manolis Aggelakis apresenta o primeiro álbum a solo completado por seis faixas pintadas com melodias peculiares e guitarras que remetem para Earth. Em todo o ambiente sonoro do disco é explorado o vazio existencial, as lutas sociais e a solidão humana. Contudo, em No, it is not a Wing é contraposta a emoção anterior em que se é surpreendido pela presença de uma entidade mascarada com feixes de luz.

 

Manolis Aggelakis nasceu em Atenas e começou a tocar guitarra aos 15. Mais tarde, estudou engenharia de som em Londres no final da década dos anos 80. Na viragem da década começa a trabalhar como engenheiro de som, produtor e músico. Desde tenra idade, o músico de rua deixou-se levar pelos sons tristes do blues enquanto se apresentava ao vivo em bares acompanhado por várias bandas. É membro fundador das bandas Illegal Operation e Appalachian Cobra Worshipers. O seu primeiro disco “Stamatina” teve o seu lançamento em 2000 via Hitch-Hyke Records. Em Maio de 2006 lançou Diskoles Meres ao lado do grupo Thiria (The Beasts), que contempla canções com teatralidade intensa com referência a Tom Waits, baladas gregas e pós-rock. Em 2011 lança o álbum "Ti Kanoun I Skies Ti Nihta? (What Shadows Do At Night?)", seguido de "O Anthropos Vomva (The Bomb Man)" em 2012.

The Stone we Had in Our Mouth cria um efeito raro e mostra o talento do músico grego na sua contenção e extrapolação. O disco e os nomes dos temas são extractos de poemas do grande poeta grego Tasos Livaditis. O artwork tem como influência as pinturas de John “Sugahtank” Roumpanis.

The Stone we Had in Our Mouth, Where People Go Without their Names, No, It is not a Wing, While, From Far Beyond, the Most Intimate Life Of Mine If I Were A Stranger, I Would Like To Talk With You, Tonight, Comrade, And Always Through Silent Roads We Go fazem parte do disco que não se deve perder de vista. Drones perfeitos, clima essencial para a descrição de um submundo em constante queda. Quem disse que as pedras não falam? 
Até falam, mas sabem guardar segredos.

Texto: Priscilla Fontoura