Do extremo norte de Portugal, Monção, viaja o baixista Daniel Fernandes até Aveiro para a cidade dos moliceiros e das bugas para ali se fix...

Colher de Pau numa Sopa d'Urso na Casa da Música


Do extremo norte de Portugal, Monção, viaja o baixista Daniel Fernandes até Aveiro para a cidade dos moliceiros e das bugas para ali se fixar. Levou consigo um dos seus sonhos, o de criar uma banda e baptizá-la com a expressão nortenha Sopa d'Urso, cujo termo significa tareia.

Numa Casa da Música sujeita às contenções da Covid e com menos de meia sala preenchida, os Sopa d’Urso entram em palco com toda a energia própria de quem já ressacava por concertos, ainda assim não faz tanto tempo em que viveram um dos momentos mais felizes este ano no Festival dos Canais em Aveiro.

Entram no palco para apresentar temas do primeiro álbum, Colher de Pau, um repertório com mais de oito temas e que, a grosso modo, reporta para o rock dos anos 80 e sobretudo dos 90. Uma viagem de Jorge Palma a Ornatos Violeta.


A balada Momento é dirigida aos mais sensíveis e é o tema, segundo o vocalista Luís Baptista, com mais feedback da parte do público. Raiva remete para as baladas Ornatos Violeta, Conflito de Interesses e Latim quebram momentos mais introspectivos e o último sai dos lugares comuns para revelar uma identidade musical que deveria persistir. A composição é feita de uma forma democrática e todos participam no processo criativo.

Os Sopa d'Urso são cinco amigos que se juntaram em 2019, Luís Batista na voz, Xavier Santos na guitarra, Catarina Sequeira nos teclados, Daniel Fernandes no baixo e Pedro Coelho na bateria, mas, nesta noite, é Daniel quem anima o palco beijando o vocalista na cara, metendo-se com o baterista e com o guitarrista sempre que lhe dava na gana. Acaba por saltar do palco para o chão daquela sala para findar o capítulo musical.


Devido à pandemia, o grupo não pôde expor o disco em palco como desejaria, pelo que o concerto na Casa da Música, no Domingo passado, 18 de Outubro, foi, para os cinco elementos, um momento de grande significado. O concerto foi registado com polaroids, não fosse a autenticidade do momento um bom final para ficar na memória.


Texto: Priscilla Fontoura
Polaroids: Emanuel R. Marques