Banda: Ana Álbum: Um Género: indie-folk, folk português, pós-rock Lançamento: 3.11.2017 Editora: Planalto Records Não nos chega às...

ANA: Um, 2017

Banda: Ana
Álbum: Um
Género: indie-folk, folk português, pós-rock
Lançamento: 3.11.2017
Editora: Planalto Records


Não nos chega às mãos tão cedo quanto gostaríamos... mas chega.
Para quem vive em cidades ruidosas cada vez mais tem necessidade de silêncios, nem que seja para não pensar ou para organizar todo o tipo de confusões mentais. A simplicidade de uma humilde guitarra acústica é a ponte, qual responsável capaz de nos levar à zona de acalmia. Sempre ficou bem o cruzamento de uma guitarra acústica e de uma eléctrica, a complementaridade dessas duas sonhadoras. A primeira que se abre à base e ao ritmo e a outra que canta harmonias e preenche camadas em falta.

ANAviagem sonora de Gabriel Salgado, é o nome que o compositor escolhe para apresentar Ep's e álbuns. O título do seu primeiro álbum Um, editado pela Planalto Records, produzido por Diogo Alves Pinto (Gobi Bear) e apoiado por Kate Leppert, é o acto isolado de quem discursa directamente sobre os lugares que visita, sejam eles imaginados ou reais.
"Às Vezes Mudo de Ideias" é uma boa premissa para iniciar o álbum e um bom conselho para não nos prendermos a ideias fixas, à estagnação que é inimiga da progressão. A vida é uma continuação e nós temos que nos adaptar às fases pelas quais passamos. Nada de novo, Heráclito, o filósofo de Éfeso, já o dizia: Tudo que existe está em transformação

Apesar do som de Ana não ser uma surpresa para os nossos ouvidos, numa fase em que muito pós-rock está saturado, Nada se cria, tudo se transforma, como já dizia Lavoisier; conseguimos encontrar, paralelamente, identidade neste projecto solitário. Existem referências de pós-rock ao modo Mono e de indie-folk Bon Iveriano com "Orla" que sobressaltam. No entanto, salta também uma portugalidade genuína e desnudada que se sente nas guitarras acústicas, esse sabor orgânico ligado às raízes. Nem tudo quer soar sempre alto, nem tudo quer soar sempre baixo. Essa linha gradual indica maturação. Quando chegamos ao tema "Leão-Marinho" percebemos que é a candeia do álbum onde a simples percussão, tal como "Fenda", sobressai por conta das repetições rítmicas e orgânicas. 

Para quem aparenta ser tão novo é certamente um convite para que nos mantenhamos despertos a outras edições posteriores. Ponham os ouvidos em Ana. Não se vão arrepender. 



TEXTO: PRISCILLA FONTOURA