Os nossos sentimentos e emoções fluem através dos acordes, solos, dedilhados e riffs. Foi essa paixão e dedicação à guitarra eléctrica e acústica que fez com que Jason Becker, com apenas 15 anos, já tocasse fugatas de Bach na guitarra eléctrica com destreza e com identidade própria. A guitarra era uma extensão do seu corpo e alma, quase literalmente, pois estava sempre na sua companhia, mesmo durante os jantares com a sua família que sempre motivou e encorajou o seu amor pela música. Tinha também uma guitarra que levava no carro para praticar sempre que apanhava um sinal vermelho e era frequente adormecer com a guitarra em cima de si. Quando acordava, dava os seus primeiros riffs matinais.
Era também frequente, nos seus momentos mais brincalhões, vê-lo a manejar um yo-yo com uma mão e a tocar guitarra com a outra. Foi cedo que se juntou a um outro virtuoso da guitarra eléctrica, Marty Friedman para formar a banda Cacophony. Mais tarde, fez alguns concertos a solo em digressão pelo Japão e, posteriormente, juntou-se à banda de David Lee Roth, provando que o seu virtuosismo e maneira própria de tocar guitarra o tinha tornado um titã. No entanto, a fama que foi recebendo nunca o transformou numa pessoa arrogante e sempre manteve a sua humildade.
Tudo corria bem a Jason Becker até que, infelizmente, lhe foi diagnosticada uma doença que causa a paralisa progressiva dos músculos. Apesar dos tratamentos dolorosos e austeros, Jason continuou a praticar e a ir aos ensaios da banda de David Lee Roth. Tragicamente, a paralisia que começava a sentir nas pernas alastrou-se também para os seus braços e mãos, tornando-lhe muito difícil tocar guitarra, acabando por ser substituído na banda.
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Neste documentário realizado por Jesse Vile, observamos entrevistas de vários membros da família e amigos de Jason como Steve Vai, Joe Satriani e outros mais que atestam o seu carácter brincalhão, profundamente optimista e lutador. Infelizmente, assistimos também ao escalar da doença que o deixou paralisado numa cadeira de rodas. O apoio que a sua família e amigos lhe deram é também bastante comovente. Com a ajuda de amigos e familiares, foi-lhe possível continuar a criar música através de um programa de computador que respondia aos seus movimentos de cabeça. Foi assim que continuou a criar música, editando o disco Perspective. A sua persistência valeu com que houvesse um dia especial dedicado a si na cidade de Richmond. É um documentário que pinta o retrato de um músico altamente talentoso e pessoa muito humana que, mesmo depois de ser dominado por uma doença incapacitante, continuou a tratar a música com o respeito, dedicação, compromisso, paixão e amor com que se trata a nossa verdadeira alma gémea.
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TEXTO: Cláudia Zafre
IMAGENS: Frames do documentário JASON BECKER: Not Dead Yet