2019 foi um ano interessante para lançamentos estreia de bandas emergentes e para novos trabalhos de bandas já há muito firmadas no...

2019: Um top 40 ecléctico


2019 foi um ano interessante para lançamentos estreia de bandas emergentes e para novos trabalhos de bandas já há muito firmadas no universo musical, como o caso dos norte-americanos Tool que, após vários anos de hiato, lançaram este verão Fear Inoculum, um disco que gerou bastante controvérsia e críticas muito variadas. 

No que ao jazz diz respeito, a cena londrina continuou e continua em voga com o lançamento de Fyah de Theon Cross que faz da tuba a peça central nas suas divagações jazzísticas e que construiu um álbum impressionante de afro-jazz. 

A fusão de ritmos africanos com jazz, rock progressivo ou industrial tornou-se também um foco de interesse para nós com vários álbuns cativantes lançados em 2019, como é o caso de Yeketelale de Ukandanz, o explosivo Fongola de Kokoko! e Laylet el Booree de Ifriqiyya Electrique, uma banda interessante e única da qual tivemos o prazer de fazer entrevistar

Para quem sente falta de climas e ambiências árabes, também tivemos o prazer de ouvir, Polyhymnia, da multi-instrumentalista radicada em UK, Yazz Ahmed

Viajámos também por territórios mais extremos e exploratórios, deparando-nos com Strange, Beautiful and Fast do guitarrista japonês, Takafumi Matsubara que, após batalhar com um problema de saúde, retornou mais forte que nunca, alistando vários nomes de peso do grindcore para construir um álbum que, além de demolidor, traz um novo fôlego para a cena da música extrema. 

O core continua também em boas mãos com fusões de mathcore e post-hardcore com o disco de estreia, I will guide thy Hand de OLAM, onde nos deparamos com algumas reminiscências de bandas cruciais do género, mas que mantém um espírito independente e intrépido. Continuando nessa linha, ficámos impressionados com Abject Bodies de Minors, Death Spells de Holy Fawn, Watchwinders de Coilguns, Scream through the Walls de As Cities Burn, uma banda veterana que alia também um pouco de indie-rock às suas composições, Jazzbrunch, um disco homónimo editado pela Zegema Beach Records e o hardcore punk certeiro de Fury com Failed entertainment.

Continuando por territórios experimentais e, quiçá, um pouco negros, descobrimos o novo álbum de Yellow Eyes, Rare Field Ceiling com um black-metal atmosférico que tanto tem de arrasador como de emocional. E vogámos por ondas mais experimentais e atmosféricas com os excelentes The Woods de A Swarm of the Sun e Hollowed de Helium Horse Fly, duas bandas que tivemos o prazer de ter as suas Bagagens este ano. 

A exploração sónica fincou-se com Falha Comum das brasileiras Rakta que gentilmente nos cederam também a sua bagagem este ano, Lands of Delight do israealita Alon Mor que nos levou para uma electrónica e um house desconstruído criando paisagens sónicas novas e impressionantes, There Existed an Addiction to Blood de Clipping. que cria várias dimensões dentro do seu hip-hop soturno mas enérgico e Ilana: The Creator de Mdou Moctar que traz um novo fulgor ao krautrock.

No território mais "leve" encontrámos várias surpresas como Queen of Jeans, um indie pop despretensioso e carregado de canções certeiras e com uma dinâmica lírica interessante e muito relevante para os dias de hoje, especialmente no que toca a temáticas LGBT, assim como o disco de country alternativo de Orville Peck, intitulado Pony e que surpreendeu muita gente. 

Foram muitas as explorações de neo-psicadelismo que gostámos este ano e sublinhamos o regresso de Flaming Lips com King’s Mouth: Music and Songs, Face Stabber de Oh Sees, First Taste de Ty Segall, Boogarins com Sombrou Dúvida, Santo Sossego de Pietá e a surpresa de Incidental Music de W.H Lung. 

As maiores surpresas foram New Hell de Greet Death com o seu segundo trabalho de estúdio, Olympic Girls de Tiny Ruins, o muito aguardado Schlagenheim de Black Midi e a nossa incursão pelo mainstream com Billie Eillish e pela música clássica com Ars Moriendi do músico Pawel Szamburski com o seu projecto Bastarda

Foram muitos e muitos mais os álbuns fantásticos de 2019. Desejamos a quem nos lê e nos acompanha uma excelente viragem do ano para 2020 com mais e melhor música.

OLAM – I will guide thy hand (mathcore, post-hardcore)
Rosalie Cunningham Rosalie Cunningham (art rock, rock psicadélico)
Ukandanz Yeketelale (ethio-jazz, tizita, jazz-funk)
Sparrows – Failed Gods (post-hardcore)
Tool Fear Inoculum (metal progressivo)
Alon mor – Lands of delight (electrónico, experimental)
Mdou Moctar – Ilana: The creator (blues rock, krautrock)
Coilguns – Watchwinders (noise rock, mathcore)
As Cities Burn – Scream through the walls (post-hardcore, indie rock)
Greet Death – New hell (indie rock, shoegaze)
Powerplant – People in the sun (synth punk, garage punk)
W.H Lung – Incidental music (neo- psychedelia)
Bastarda – Ars moriendi (modern classical, chamber music)
Minors – Abject Bodies (powerviolence, metalcore)
Yazz Ahmed – Polyhymnia (spiritual jazz)
Ifriqiyya Electrique – Laylet el booree (North African music, experimental rock)
Oh Sees – Face stabber (rock Psicadélico)
Jazzbrunch – Jazzbrunch (screamo, post-hardcore)
Ty Segall – First Taste (rock psicadélico)
Yellow Eyes – Rare field Ceiling (atmospheric black metal)
Boogarins – Sombrou Dúvida (psychedelic rock)
Kokoko! – Fongola (synth punk, afro-house)
Black Midi – Schlagenheim (noise rock, math rock)
Orville Peck – Pony (alt. country)
A Swarm of the Sun – The Woods (post-rock, post-metal)
Helium Horse Fly – Hollowed (avant-garde metal)
Rakta – Falha comum (noise rock, experimental rock)
Banks – III (R&B Alternativo)

Texto: Cláudia Zafre