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Felizmente há sociedades que estão na linha da frente no que respeita a lidar com as vicissitudes das realidades existentes. A série nórdica Bonus Family, criada por Clara Herngren, Felix Herngren, Moa Herngren e Calle Marthin, tem como eixo central um casal que pretende constituir uma nova família que depende ainda das responsabilidades anteriores de outros casamentos para se auto-gerir da melhor maneira. Os filhos de outros matrimónios têm problemas de adaptação a uma nova família, nesse sentido a narrativa atravessa desafios emocionais e logísticos difíceis de administrar.
Bonus Family é uma "dramedy" que partilha semelhanças com as questões existenciais presentes na série norte-americana This is Us. Este exemplo de família alargada desprende-se do conceito de família nuclear. Não obstante esta transição assumir pontos negativos, tais como a falta de privacidade que criam momentos caricatos e coloca, por sua vez, em contacto directo pessoas com quem não se tem afinidade à primeira vista; traz, por outro lado, à superfície uma das vantagens que reside na capacidade de sociabilização que uma família alargada tem, consegue, por isso, lidar gradualmente com a noção de diferença que quebra as barreiras da separação e do preconceito. Este tipo de família abre-se, portanto, mais facilmente à diferença.
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Bonus Family, cartaz
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Bonus Family, apesar de passar uma estrutura leve e fácil de acompanhar, sobrevive também dos contornos mais complexos das histórias das personagens, levando-nos a questionar certas situações sob o ponto de vista ético e moral.
Uma série para ver durante a quadra natalícia para quem não segue um regime mais tradicional programático. Pessoalmente, uma série que depois de vista deixou muitas saudades, por provocar um sentido de pertença e identificação.
Texto: Priscila Fontoura