Um dia, eu e o Nuno Rebelo, íamos tocar a Faro com a Companhia de Dança do Paulo Ribeiro; e o Nuno é que me dava boleia de carro; combinou-s...

Crónicas do Rua: Vítor Rua e Nuno Rebelo a caminho de Faro


Um dia, eu e o Nuno Rebelo, íamos tocar a Faro com a Companhia de Dança do Paulo Ribeiro; e o Nuno é que me dava boleia de carro; combinou-se às 09 horas, ele apareceu e partimos; mal partimos, um segundo depois, lembrei-me que me tinha esquecido da erva e pedi-lhe para voltarmos para trás; já estávamos quase na ponte 25 de Abril; e ele: "Ó Rua, és um drogado do caraças, pá... Caga lá nisso uns dias..."; e eu: "Nem penses, voltamos para trás"; e ele: "Depois esqueces-te das coisas, tu"; e lá regressámos a minha casa, apanhei a erva, entrei no carro, fiz logo uma ganza e fumei; e o Nuno: "De caminho já nem te lembras das músicas que temos de tocar"; e eu fumava outro; e ele: "Agora é que já nem te vais lembrar das deixas, estás fodido"; e eu fumava outro... e ele sempre a gozar comigo, que eu era um esquecido do caraças, e que só não me esquecia da cabeça porque a tinha agarrada ao corpo; chegámos a Faro, e fomos directamente para o auditório descarregar a aparelhagem; nesse concerto eu tocava guitarra e electrónica, mas o Nuno era só guitarra, uma Gibson que ele tinha comprado em Viena, quando fomos lá tocar com o Mark Tompkins; eu começo a descarregar e só vejo o Nuno a meter as mãos à cabeça e a dizer: "Esqueci-me da guitarra, f#!"...

Texto e Imagem: Vítor Rua