foto de:   Raquel Lemos Quem captura momentos normalmente não está muito preocupado em ser o foco do momento. O foco é o trabalho e...

Bagagem de André Henriques: 5 livros, 5 discos, 5 filmes

foto de: Raquel Lemos

Quem captura momentos normalmente não está muito preocupado em ser o foco do momento. O foco é o trabalho e não o autor. No entanto, quem está do outro lado tem cara e identidade própria. Os mais atentos ao submundo da música alternativa do underground nacional já viu André Henriques pelo menos uma vez de objectivas e câmaras em punho a fazer prodígios entre o público ou no fosso dos palcos. Há públicos mais agitados que outros. Estar lá dentro é um autêntico desafio. Fotógrafo independente desde 1999, residente e natural do Porto, André Henriques tem fotografado inúmeras bandas nacionais e internacionais e feito cobertura de vários festivais de música. O SWR Barroselas Metalfest e o EntreMuralhas fazem parte da lista de festivais que não costuma perder. Primeiro porque é fã e segundo porque gosta de tirar partido do que vê. Para o conhecermos melhor perguntamos-lhe quais são os 5 livros, 5 discos e 5 filmes /séries que André Henriques destaca.

5 livros:
- "Microserfs" de Douglas Coupland. As startups antes de estarem nas bocas do mundo. 
- "Black Metal Evolution of the Cult" de Dayal Patterson. Uma enciclopédia sobre o género com 3 décadas de bandas e entrevistas 
- "Tratado das Paixões da Alma" de António Lobo Antunes. Escreve da mesma forma que o pensamento se forma na cabeça: desconexamente poético.
- "The Hot Shoe Diaries" de Joe McNally. Dicas para iluminação portátil na fotografia dum dos mestres do assunto.
- "Aventuras de João Sem Medo" de José Gomes Ferreira. Requisitei este livro na biblioteca da escola incontáveis vezes. Um livro de aventura surrealista cheio de camadas que funciona qualquer que seja a idade em que se leia.

5 discos:
- "The Wall" dos Pink Floyd. Dos primeiros álbuns que me recordo de ouvir, gravado numa cassete que o meu pai trouxe da tropa nos Açores. Considero-o uma das bases formativas do meu gosto musical, foi também o primeiro álbum que comprei em CD.
- "Fellatrix Discordia Pantokrator" dos FNI (Filii Nigrantium Infernalium). Um dos álbuns que mais vezes rodou em minha casa. Mistura de rock sujo e metal na conta certa, dá para cantar aos berros sem vergonha.
- "KSX2016", Keso. Se normalmente é a melodia que me prende à música, neste caso é o inverso. O Keso é um mestre da palavra e faz um hip-hop pela contestação e não pela ostentação. 
- "Melancholie", Coldworld. Quando preciso de me concentrar é das que mais roda na playlist.
- "The Day the Earth Met the Rocket from the Tombs" dos Rocket From The Tombs. A banda que deu origem a Pere Ubu e Dead Boys, mas mais forte que estas juntas. Proto-punk no seu melhor.

5 filmes:
- "Cinema Paradiso"Um filme que nunca me cansei de ver e sempre com o mesmo resultado final: uma lágrima rebelde a formar-se no canto dos olhos.
- "All Summer in a Day" (curta-metragem).
Quando era criança tinha um pacto com o meu pai: quando desse um filme de ficção científica na televisão ele ia acordar-me para o vermos juntos. Este foi um desses filmes.
- "The Godfather". Tudo o que tenha máfia vai para a minha lista de filmes a ver. Este é um daqueles clássicos imprescindíveis.
- "This is Spinal Tap". O mundo do rock n'roll com todos os seus tiques de vedeta magistralmente documentado nesta comédia. A nível de divertimento este filme é um 11!
- "The Bang Bang Club". Baseado na vida de 4 fotojornalistas de cenários de guerra, um deles português, o famoso João Silva, que mesmo após ter ambas as pernas amputadas, continua a fotografar.
É um dos tipos de fotografia que mais me atrai, mas vivo-a indirectamente através da obra destes fotógrafos, porque é preciso um tipo de estofo mental para seguir este tipo de trabalho que me falta.