O som energético, irreverente e festivo dos Pás de Problème garantem-nos que realmente não há problemas. Não há problemas em dançar, “abanar o capacete” e criar uma enorme mosh pit alegre e inclusiva, sem violências e como nos aconselhou o Dj Jóia antes do concerto “com os corações bem ao alto.”
O show começa com a actuação da "Golden Woman" que a meio de espargatas e movimentos de aquecimento aconselha-nos a movimentar os braços, as coxas, axilas, virilhas e acima de tudo os glúteos. Uma preparação exigente para o concerto de 4 horas que se avizinha.
A preparação é efectuada ao som de disco dos anos 70, afrobeat e alguns remixes mais originais. O Titanic enche-se de passageiros e os Pás de Problème entram em palco mas neste Titanic não há primeira nem terceira classe, não há distinções, apenas uma multidão de pessoas que querem divertir-se, dançar e acima de tudo ouvir música boa e bem tocada. Solos intensos de saxofone, uma bateria criativa, guitarradas, o showman que toca violino e nos oferece refrões que ficam no ouvido: “Queremos comida, dão-nos aguardente” e o público é convidado a cantar.
Há crowdsurfing para meninos e meninas de todas as idades sendo que o elemento comum é um imenso sorriso enquanto são levados numa onda frenética que não podia ter melhor banda sonora. Este Titanic não afundou mas foi levado com mestria numa odisseia de sons que andam pelas Balcãs, pelo punk verdadeiro da rua e tudo com o Tejo ali tão perto. Pode muito bem entrar na história como o outro Titanic mas por razões bem mais felizes.
Se quiserem dar uns pés de dança, espalhar o amor e ouvir boa música, apanhem o próximo concerto dos Pás de Problème e as suas 4 horas inesquecíveis de “padráda”.
TEXTO: CLÁUDIA ZAFRE
IMAGEM e VÍDEO: JOSÉ MARQUES
LOCAL: TITANIC, Cais do Sodré, Lisboa
DATA: 24 de Fevereiro, 2018