A ingenuidade aproxima as pessoas. Gosta-se de estar perto de pessoas criativas com imaginários colocados mais perto do céu do que da ter...

Wunderkammer: Daniel Johnston, um artista excêntrico e imaginativo

A ingenuidade aproxima as pessoas. Gosta-se de estar perto de pessoas criativas com imaginários colocados mais perto do céu do que da terra. Ter como referências aquilo que vemos de outros artistas e/ou apenas a dimensão em que vivemos é redutor para quem apenas cria com base no que vê. Poderá ser também pouco inspirador. A imaginação é sem dúvida o campo mais livre que podemos usar para fazer nascer toda uma panóplia criativa. Este tipo de artistas pode apanhar o mesmo comboio que outros, mas os primeiros chegam mais longe, porque procuram na originalidade o seu caminho. 

Daniel Johnston é um desses casos. Apesar de ter deixado este mundo no ano passado, a sua expressão será uma referência no que respeita à arte naïf. Um homem peculiar e apontado - por quem o conheceu - como um outsider, que se dedicou à música e à ilustração. Kurt Cobain levou o seu nome mais além, quando se apresentou em público vestido com a t-shirt onde se inscrevia um dos desenhos de Johnston com o famoso Hi, How Are You. A maior parte do seu trabalho consistia na gravação de cassetes registadas quando se encontrava sozinho no seu quarto. Durante a altura em que trabalhava no McDonald's, em Austin, foi angariando fãs a quem distribuía cassetes com as suas canções. Johnston foi um criativo prolífico, as características que pontuam mais a sua música são o lado puro e infantil. As suas ilustrações foram exibidas em várias galerias do mundo. A partir de 2005, Johnston enfrentou problemas de saúde mental, temática abordada no biopic The Devil and Daniel Johnston (2005).

Daniel Johnston é como um animador de banda-desenhada, dá vida própria às figuras que constrói sem descurar o sentido de humor. O seu imaginário cartoonesco conta histórias sobre amor e desilusão, desabafos e estados de humor, espiritualidade, super-heróis e figuras BD, recorrendo sempre a uma carga simbólica.


 
 
 
 
 
 
 
 

Imagens: Trabalhos de Daniel Johnston
Texto: Priscilla Fontoura