Thelonious Monk Uma vez, pouco depois do 25 de Abril, o Jorge Lima Barreto, foi convidado a participar num colóquio sobre Jazz; estavam lá t...

Crónicas do Rua: Jorge Lima Barreto e Thelonious Monk

Thelonious Monk

Uma vez, pouco depois do 25 de Abril, o Jorge Lima Barreto, foi convidado a participar num colóquio sobre Jazz; estavam lá todos os do Jazz: o José Duarte, o Jorge Curvelo, o Raúl Bernardo, etc.; o Jorge queria falar de Free Jazz e das novas tendências do Jazz; enquanto os outros ainda estavam todos no BeBop; a determinada altura, eles começam todos a dizer ao Jorge que o Free Jazz não era música; e o Jorge diz-lhes: "Então ouçam isto e digam-me o que pensam"; e mete um disco a tocar; no final, começam todos a dizer que aquilo é só gritos, e barulheira e que, portanto, se comprovava que o Free Jazz era "ruído"; então, o Jorge pega no disco que meteu a tocar, mostra-o ao público e diz: "A obra que eles estão a criticar e a dizer mal, é um disco do Thelonious Monk, só que o meti em 45 rotações quando é um LP de 33 rotações; ora, estes imbecis, nem sequer foram capazes de reparar nisso. Nem distinguiram que os instrumentos, estavam a ser tocados a uma velocidade diferente; agora, querem continuar este colóquio comigo, ou com estes tipos?"; e o público em uníssono disse o nome do Jorge e os outros tiveram de abandonar a sala...

Crónica de Vítor Rua