Vivemos uma altura frágil em que muitas vezes nos assalta a sensação de que podemos perder alguém querido a qualquer instante. Há poucos dia...

ORANSSI PAZUZU @ swr barroselas metalfest (interview with Juho Vanhanen & Niko Lehdontie) 2018


Vivemos uma altura frágil em que muitas vezes nos assalta a sensação de que podemos perder alguém querido a qualquer instante. Há poucos dias fui surpreendida com uma triste notícia.


Uma das bandas que mais gostei de conhecer e entrevistar durante estes 15 anos de Acordes foi
Warhammer
, cuja formação consistia em 4 membros, dois alemães adultos e dois jovens rapazes cheios de vida. Das memórias que guardo, vive o sentido de humor incrível destes 4 bons rapazes. A estrutura base de Warhammer dividia-se entre os dois amigos Rolf Meyn (baterista), e o mentor Volker Frerich (vocalista) que muito infelizmente deixa o planeta Terra na sexta passada.

Warhammer foi a banda tributo a Hellhammer. 4 membros nada prepotentes ou mascarados com atitude de superioridade. Durante os dois anos, em que os conheci e convivi com eles, encontrei-os no SWR Barroselas Metalfest tanto no parque de campismo a confraternizar com os "locais" como diziam, ou no bar a partilhar imaginários surreais que faziam rir até a pessoa mais séria. O vocalista Volker tinha bom coração, ainda chegou a enviar-me uns DVD's para a caixa postal com filmes. Sempre recordarei o Volker pela sua maneira séria de contar piadas, pois a melhor memória que podemos guardar de alguém é o que essa pessoa deixou de positivo. Por mais delicado que seja este assunto, há que exaltar o papel do arquivo como documento que perdura e situa um tempo. 


Desse arquivo que guardamos, tínhamos a entrevista realizada a Oranssi Pazuzu no âmbito do festival de música SWR Barroselas Metalfest de 2018. Os Oranssi são finlandeses e tocam um black metal vanguardista que liquidifica o que qualificamos de bom. Qualquer outra banda a calhar no mesmo cartaz que OP morre na estrada, pois qualquer concerto dos nórdicos supera qualquer outro. As luzes de palco, a qualidade do som, a energia performática dos músicos é literalmente hipnótica e a descarga necessária para dias que se precisa de uma. Imagine-se a raiva de Mike Patton, com guitarras electrizantes, sintetizadores sinistros e motorik sempre a dar-lhe. Bem, que se nos cerrem as palavras e que as imagens falem por si. Gostaríamos de ter mais tempo para lançar o imenso arquivo que temos de muitas bandas que muito acarinhamos, mas só o poderemos lançar assim que o tempo permitir. 



Texto e vídeo: Priscilla Fontoura